Nunca fui supersticioso, mas depois daquele final de semana em Santos, em março de 2024, quase passei a acreditar em maldições. O que deveria ser uma comemoração tranquila pelos meus 32 anos se transformou numa sucessão tão absurda de eventos desafortunados que, olhando para trás agora, consigo apenas rir da tragicomédia que foi aquela viagem – e de como um aplicativo de apostas acabou salvando não apenas o meu aniversário, mas possivelmente também minha amizade com meus cinco melhores amigos desde a faculdade.
A ideia inicial era simples: alugar uma casa na Ponta da Praia para três dias, de sexta a domingo, para uma “resenha tranquila entre amigos”. Éramos seis no total – eu, Felipe (programador que conheci na faculdade de Engenharia em Campinas), Marcelo (professor de educação física e fanático por surfe), Lucas (contador que sempre reclama que não sai o suficiente), Rodrigo (designer gráfico e o mais festeiro do grupo) e Eduardo (médico residente com horários impossíveis que milagrosamente conseguiu folga naquele final de semana).
Tudo parecia perfeitamente planejado. A casa foi reservada com três meses de antecedência, cada um tinha confirmado presença várias vezes no grupo do WhatsApp “Aniversário do Renato 2024”, e até o clima parecia favorável, com previsão de sol para os três dias.
Os problemas começaram às 19h38 de sexta-feira, quando chegamos ao endereço da casa alugada pelo Airbnb. O local que deveria ser uma “espaçosa casa de praia com vista para o mar e piscina” era, na verdade, um terreno vazio com uma placa de “Vende-se”. Meu primeiro pensamento foi que tínhamos digitado o endereço errado no GPS, mas após três verificações no aplicativo e uma ligação para o suposto proprietário (que nunca atendeu), a dura realidade se impôs: tínhamos sido vítimas de um golpe.
“É oficial”, declarou Felipe, enquanto todos olhávamos desolados para o terreno vazio, “esta viagem está amaldiçoada e ainda nem começou de verdade.”
Por sorte, Eduardo – sempre precavido e com aquela organização típica de quem lida com vidas diariamente – havia reservado um hotel como plano B, “só por garantia”. O problema? Eram apenas dois quartos triplos, e o hotel ficava no Gonzaga, a uns 3 km de distância de onde estávamos.
“Pelo menos temos onde dormir”, tentei animar o grupo, enquanto pegávamos nossas malas e caminhávamos até o carro de Rodrigo, o único grande o suficiente para acomodar os seis e todas as bagagens.
O hotel que Eduardo reservou, o Atlântico Palace, tinha claramente visto dias melhores – provavelmente na década de 1980. A recepção com painéis de madeira descascada e um balcão coberto por uma fórmica amarelada já dava o tom do que nos esperava. O recepcionista, um senhor de aproximadamente 70 anos chamado Seu Antenor, nos informou que só havia um quarto triplo disponível, não dois como Eduardo havia reservado.
“Mas confirmaram dois quartos por e-mail!”, protestou Eduardo, mostrando a confirmação em seu celular.
Seu Antenor ajustou os óculos de aros grossos para examinar o celular e, com uma calma exasperante, explicou: “Pois é, doutor, mas tivemos um problema com um vazamento no terceiro andar e precisamos realocar alguns hóspedes. O sistema não atualizou. Posso oferecer um quarto com cama de casal e colocar três colchonetes no chão para os outros.”
Após quinze minutos de negociação, conseguimos um desconto de 15% e a promessa de um “café da manhã especial” como compensação. Ainda assim, a perspectiva de seis homens adultos dividirem um quarto de aproximadamente 20m² por três dias não era exatamente o que tínhamos planejado para um final de semana relaxante.
Apesar do início desastroso, estávamos determinados a não deixar que isso arruinasse completamente a viagem. Decidimos sair para jantar e depois procurar algum bar para celebrar meu aniversário, que seria oficialmente no dia seguinte. O lugar escolhido foi um restaurante a duas quadras do hotel, especializado em frutos do mar.
Foi quando sentamos à mesa que o terceiro ato do nosso drama começou a se desenrolar. Primeiro, algumas gotas isoladas, depois uma chuva moderada e, no momento exato em que nossos pratos chegaram, um verdadeiro dilúvio que transformou as ruas em rios em questão de minutos.
“Mas a previsão era de sol para o final de semana todo!”, lamentou Marcelo, observando desolado a tempestade pela janela do restaurante. “Cancelei uma aula de surfe com alunos pagantes para estar aqui!”
A chuva era tão intensa que decidimos esperar no restaurante, esticando o jantar ao máximo. Por volta das 23h, quando já não havia mais desculpas para continuar ocupando a mesa (o garçom já havia perguntado três vezes se queríamos mais alguma coisa), a chuva ainda não havia dado trégua.
“E agora?”, perguntou Lucas, enquanto dividíamos a conta. “Voltamos para o hotel e nos esprememos todos naquele quarto?”
Foi Rodrigo, sempre com um plano para salvar a noite, que sugeriu: “Tem um bar literalmente ao lado do restaurante. Podemos esperar a chuva passar lá.”
O bar em questão, chamado Marés, estava surpreendentemente vazio para uma sexta-feira à noite. Logo descobrimos o motivo: o ar-condicionado estava quebrado, transformando o ambiente em uma sauna tropical. Mas pelo menos era seco, tinha bebida gelada e, descobrimos logo depois, um Wi-Fi surpreendentemente bom.
Sentados em uma mesa ao fundo do bar, com a chuva torrencial castigando as janelas, começamos a pensar que talvez fosse melhor cancelar o resto da viagem e voltar para São Paulo na manhã seguinte. O clima estava péssimo, estávamos todos cansados e irritados, e a perspectiva de cinco adultos dormindo no chão de um quarto de hotel não ajudava em nada.
Foi nesse momento, enquanto todos checavam seus celulares em silêncio – o tipo de silêncio constrangedor que acontece quando uma viagem dá errado e ninguém sabe o que dizer – que Felipe mencionou casualmente: “Ei, alguém já usou esse app Bet? Meu primo ganhou R$370 semana passada jogando num slot chamado Fortune Tiger.”
A menção de algo completamente não relacionado aos nossos problemas atuais foi um alívio. Eduardo, o mais cético do grupo, respondeu: “Essas coisas são furada, cara. As chances são sempre contra você.”
“Na verdade”, interveio Rodrigo, que parecia saber mais sobre o assunto, “meu irmão joga há uns três meses no Bet e diz que se você for disciplinado e estabelecer limites, é bastante divertido. Ele trata como entretenimento, não como investimento.”
Curiosos e sem muito mais o que fazer, decidimos baixar o aplicativo. O Bet tinha uma interface surpreendentemente limpa e intuitiva, com uma navegação fluida mesmo com seis pessoas usando o Wi-Fi simultaneamente. O processo de cadastro levou menos de dois minutos, e logo estávamos todos explorando os diversos jogos disponíveis.
Estabelecemos uma regra simples: cada um depositaria R$50 – não mais que isso – e veríamos quem conseguiria o melhor resultado em uma hora. O vencedor ganharia um jantar pago pelos outros cinco na noite seguinte.
O que começou como uma distração para esquecer nosso desastroso início de viagem rapidamente se transformou em uma competição acirrada. Cada um escolheu um jogo diferente: eu optei pelo Fortune Tiger (baseado na recomendação do primo de Felipe), Rodrigo foi para o Aviator, Lucas escolheu um jogo de roleta, Felipe preferiu o Sweet Bonanza, Eduardo decidiu testar suas habilidades no blackjack digital, e Marcelo, após muita indecisão, escolheu o Spaceman.
O que nenhum de nós esperava era que essa simples competição improvisada transformaria completamente o clima da viagem. De repente, não estávamos mais lamentando a casa inexistente, o hotel precário ou a chuva incessante – estávamos totalmente absortos em nossa pequena competição, comemorando as vitórias uns dos outros e rindo das derrotas.
Alexandre, o barman do Marés – que a esta altura já havia se tornado praticamente parte do nosso grupo, trazendo rodadas de cerveja e petiscos – começou a acompanhar nossa competição com interesse. “Vocês são os primeiros clientes a realmente se divertir neste lugar em muito tempo”, comentou ele, enquanto servia mais uma rodada de caipirinhas.
No final da hora estabelecida, fizemos as contas:
– Eu: R$78,50 (ganho de R$28,50)
– Felipe: R$42,30 (perda de R$7,70)
– Marcelo: R$112,60 (ganho de R$62,60)
– Lucas: R$27,80 (perda de R$22,20)
– Rodrigo: R$63,40 (ganho de R$13,40)
– Eduardo: R$34,25 (perda de R$15,75)
Marcelo, o professor de surfe que havia cancelado aulas pagas para estar ali, emergiu como o grande vencedor, principalmente graças a um multiplicador de 3.8x que conseguiu no Spaceman, quando teve o sangue frio de retirar seus ganhos exatamente no momento certo, segundos antes do “astronauta” explodir.
“Isso compensa as aulas que perdi!”, exclamou ele, já escolhendo o restaurante para o jantar do dia seguinte que seria por nossa conta.
Quando finalmente saímos do bar Marés, eram 3h42 da manhã e a chuva havia diminuído para uma garoa fina. Alexandre, o barman, nos informou que normalmente fecharia às 2h, mas como éramos os únicos clientes e estávamos consumindo bem, decidiu fazer uma exceção.
“Vocês salvaram meu faturamento da noite”, confessou ele, enquanto fechávamos a conta. “Com esse tempo, achei que não viria ninguém.”
No caminho de volta para o hotel, enquanto caminhávamos pelas ruas molhadas de Santos, Rodrigo teve uma ideia que mudaria completamente o resto da viagem: “E se transformássemos esta viagem desastrosa em um torneio de Bet? Tipo, em vez de ficarmos presos ao plano original que claramente deu errado, podemos criar um campeonato com várias rodadas ao longo do final de semana?”
A ideia foi recebida com entusiasmo unânime. Mesmo Eduardo, o médico inicialmente cético, estava completamente a bordo. “Podemos criar categorias diferentes”, sugeriu ele, já pensando como um estrategista. “Melhor performance em slots, melhor em jogos de mesa, melhor recuperação após uma perda…”
Chegamos ao hotel encharcados, mas com um novo ânimo que não existia algumas horas antes. Até mesmo a perspectiva de dormir espremidos no quarto não parecia mais tão ruim – na verdade, tornou-se parte da aventura.
Na manhã seguinte – tecnicamente já o dia do meu aniversário – acordamos surpreendentemente bem-dispostos considerando a hora em que fomos dormir. A chuva havia parado completamente, mas o céu ainda estava carregado de nuvens cinzentas que prometiam mais tempestade para mais tarde.
Durante o tal “café da manhã especial” (que se revelou ser apenas o café normal com a adição de algumas fatias de abacaxi), desenvolvemos as regras do nosso recém-criado “Campeonato Santista de Bet“. Usamos guardanapos de papel para anotar as categorias e pontuações, enquanto Seu Antenor nos observava com uma mistura de curiosidade e desaprovação.
As regras eram simples:
1. Três rodadas por dia, cada uma com depósito máximo de R$50;
2. Cada pessoa escolheria três jogos diferentes ao longo do dia;
3. Pontos seriam concedidos tanto pelo valor ganho quanto por “estilo” (decisões arriscadas que deram certo, saques no momento perfeito, etc.);
4. O campeão geral do final de semana ganharia um troféu improvisado e o direito de escolher o destino da próxima viagem do grupo.
Rodrigo, sempre o mais criativo, sugeriu que criássemos um grupo no WhatsApp exclusivo para o campeonato. Assim nasceu o “Bet Santos 2024”, que rapidamente substituiu o antigo grupo do meu aniversário como principal canal de comunicação.
O sábado que deveria ter sido passado na piscina da casa inexistente se transformou em uma maratona de competições no Bet, intercaladas com visitas a diversos cafés e restaurantes que tivessem Wi-Fi confiável.
Nossa primeira parada foi uma cafeteria próxima ao hotel, onde realizamos a primeira rodada oficial do dia. Foi ali que todos descobrimos o jogo que se tornaria a sensação do nosso campeonato: o Aviator.
O conceito era simplesmente brilhante em sua simplicidade: um avião decola e um multiplicador começa a subir. Quanto mais tempo o avião fica no ar, maior o multiplicador. Mas se você esperar demais, o avião explode e você perde tudo. A chave é saber o momento exato de sacar seus ganhos antes que seja tarde demais.
“Isso é praticamente uma metáfora para a vida”, filosofou Lucas, após perder R$30 por ter sido ganancioso demais, deixando o avião chegar a um multiplicador de 7.8x antes de explodir segundos depois.
A segunda rodada aconteceu em uma livraria-café no centro da cidade, onde a gerente, Dona Marta, acabou tão envolvida em nossa competição que passou a dar palpites sobre quando deveríamos sacar nossos ganhos no Aviator.
“Agora, meu filho! Saca AGORA!”, gritava ela por cima do ombro de Rodrigo, para o espanto dos outros clientes da livraria. Curiosamente, seus conselhos eram geralmente certeiros. “Trabalho com atendimento ao público há 32 anos”, explicou ela, quando pedimos seu segredo. “Você desenvolve um sexto sentido para saber quando as coisas vão dar errado.”
A última rodada do dia foi realizada em um quiosque na praia, onde finalmente o sol havia decidido dar as caras. Sentados sob guarda-sóis coloridos, com o som das ondas ao fundo e bebidas tropicais nas mãos, era difícil acreditar que menos de 24 horas antes estávamos todos deprimidos e considerando cancelar a viagem.
No final do segundo dia, após tabularmos todos os resultados em uma planilha improvisada (Eduardo tinha um talento surpreendente para organização de dados), eu liderava o campeonato com um saldo positivo de R$187,30 no total das três rodadas. Felipe estava em segundo, apenas R$12,45 atrás, e os outros variavam entre pequenos ganhos e perdas modestas.
Decidimos celebrar meu aniversário e minha liderança temporária no campeonato com um jantar em um restaurante à beira-mar. Durante a refeição, refletimos sobre como algo que começou como uma tentativa desesperada de salvar um final de semana desastroso acabou se transformando em uma das melhores viagens que já tivemos juntos.
“A questão é”, observou Felipe, enquanto brindávamos com cerveja artesanal local, “que há dois dias estávamos furiosos por causa da casa falsa e do hotel caindo aos pedaços. Agora isso tudo faz parte de uma história incrível que vamos contar por anos.”
O mais surpreendente aconteceu após o jantar, quando caminhávamos pela praia. O céu, que havia estado nublado durante quase toda a viagem, abriu completamente, revelando um dos mais belos pores do sol que já tínhamos visto. O céu parecia em chamas, com tons de vermelho, laranja e roxo refletindo nas águas calmas.
“Acho que a maldição finalmente acabou”, comentou Marcelo, enquanto todos parávamos para fotografar o espetáculo natural.
Aquela noite, dormimos no mesmo quarto apertado do hotel, mas ninguém reclamou. De alguma forma, as circunstâncias adversas haviam fortalecido nossa amizade de uma maneira que o plano original de uma casa espaçosa com piscina talvez não conseguisse.
No domingo, nosso último dia, a competição continuou acirrada. Realizamos mais três rodadas, seguindo rigorosamente as regras estabelecidas. O tempo havia melhorado consideravelmente, e dividimos o dia entre sessões de Bet e caminhadas pela praia.
A rodada final aconteceu em uma sorveteria no calçadão da praia, onde cada um fez sua última tentativa de garantir o título de campeão. A essa altura, nossa competição havia atraído a atenção de vários funcionários e clientes regulares dos estabelecimentos que visitamos, alguns dos quais vieram especialmente para assistir à final.
Quando os resultados foram finalmente calculados, a surpresa: Eduardo, o médico inicialmente cético que havia declarado que “essas coisas são furada”, emergiu como o grande campeão, com um saldo final de R$243,60. Sua estratégia conservadora no blackjack, combinada com algumas jogadas ousadas no Aviator no último dia, garantiram-lhe a vitória.
“É por isso que eu digo que a vida é irônica”, comentou ele, enquanto aceitava o troféu improvisado que havíamos criado usando uma garrafa de água vazia, papel alumínio e um marcador permanente. “Você planeja uma coisa, acontece outra completamente diferente, e no final tudo dá certo de um jeito que você nunca imaginaria.”
Na viagem de volta a São Paulo, com o trânsito típico de domingo à noite na Rodovia dos Imigrantes, refletimos sobre como um aplicativo de apostas havia literalmente salvado nosso final de semana. O que começou como uma distração desesperada em um bar abafado se transformou no tema central de uma viagem que, contra todas as probabilidades, se tornou memorável pelos motivos certos.
O grupo “Bet Santos 2024” no WhatsApp permaneceu surpreendentemente ativo nas semanas seguintes. Eduardo, nosso campeão, finalmente escolheu o destino da próxima viagem: Campos do Jordão, em julho. “Mas”, acrescentou ele, “o Campeonato Bet tem que continuar. Agora é tradição.”
Todos concordamos imediatamente. Rodrigo até sugeriu que criássemos regras específicas para cada destino – “Regras da Montanha” para Campos do Jordão, por exemplo – para manter as coisas interessantes.
Quanto a mim, acabei mantendo o hábito de jogar ocasionalmente no Bet, geralmente nas noites de sexta-feira após uma semana estressante no trabalho. Estabeleci regras rígidas para mim mesmo: nunca mais que R$100 por mês, independentemente dos resultados, e sempre encarando como entretenimento, não como forma de ganhar dinheiro.
Na semana passada, durante uma sessão particularmente boa no Fortune Tiger (ainda meu jogo favorito), consegui um multiplicador de 25x que transformou uma aposta de R$10 em R$250. Imediatamente compartilhei o resultado no grupo, recebendo uma enxurrada de mensagens de parabéns e, claro, pedidos de dicas.
“Guarda essa sorte para Campos do Jordão”, escreveu Felipe. “A revanche está chegando!”
E assim, o que começou como uma tentativa desesperada de salvar um aniversário arruinado acabou criando uma nova tradição entre amigos. As circunstâncias adversas daquele final de semana em Santos poderiam facilmente ter causado frustração suficiente para abalar amizades. Em vez disso, graças a um aplicativo de apostas descoberto no momento certo, transformamos desastre em diversão e fortalecemos laços que já duravam mais de uma década.
Como Eduardo filosofou naquela última noite em Santos: “Às vezes você precisa que tudo dê errado para que algo realmente especial aconteça.” E foi exatamente isso que o Bet nos proporcionou – uma maneira de transformar um desastre em uma das melhores histórias que temos para contar.