Nunca imaginei que uma plataforma de apostas online seria minha companheira mais fiel durante uma das piores enchentes que Porto Alegre já enfrentou. Mas foi exatamente o que aconteceu em março de 2025, quando o Guaíba transbordou após 14 dias de chuvas ininterruptas, deixando mais de 40% da cidade submersa.
Moro – ou morava, já que ainda não pude voltar – em um apartamento no bairro Cidade Baixa, conhecido por sua vida noturna agitada e pela atmosfera boêmia. No dia 11 de março, uma terça-feira que jamais esquecerei, a Defesa Civil bateu na minha porta às 5h20 da manhã ordenando evacuação imediata. As águas do Guaíba estavam subindo mais rápido que o previsto, e nosso quarteirão seria um dos primeiros a ficar completamente inundado.
Peguei apenas o essencial: documentos, algumas mudas de roupa, meu notebook, carregadores e, num impulso que depois se provaria crucial, o power bank que minha irmã me deu no Natal e que eu mal havia usado. Deixei para trás quase tudo que construí em 15 anos morando naquele apartamento.
Fui encaminhado para um abrigo improvisado no ginásio do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o “Julinho”, como chamamos carinhosamente. Lá encontrei cerca de 300 outras pessoas em situação semelhante, algumas que conhecia de vista do bairro, outras completamente desconhecidas, mas todas compartilhando o mesmo olhar de desorientação e incredulidade.
Em situações assim, formam-se pequenas comunidades espontâneas. Logo me juntei a um grupo que ocupava um canto do ginásio: Seu Adão, um senhor de 72 anos que trabalhava como zelador em um edifício da Rua Lima e Silva; Patrícia, enfermeira do Hospital de Clínicas que estava de folga quando a enchente começou; o casal Rodrigo e Débora, donos de uma loja de produtos naturais na Rua da República; e Eduardo, um estudante de engenharia da UFRGS que era voluntário no abrigo mas acabou ficando ilhado conosco quando as águas bloquearam todas as saídas do bairro Santana.
Foi Eduardo quem primeiro mencionou o H2Bet. Estávamos no terceiro dia de abrigo, a eletricidade ia e vinha, e a conexão de internet era precária na melhor das hipóteses. Passávamos horas jogando baralho com um deck incompleto que Seu Adão encontrou em sua mochila, quando Eduardo compartilhou que costumava jogar poker online para complementar sua renda como estudante.
“Você joga em qual plataforma?”, perguntei, mais para manter a conversa fluindo do que por real interesse.
“Ultimamente tenho usado o H2Bet“, respondeu ele. “Comecei porque oferecem uma modalidade de poker de que gosto, mas acabei explorando outros jogos de cassino também. O app é leve e funciona mesmo com internet ruim, o que tem sido um salvador nesses dias de caos.”
Dormir no abrigo era quase impossível. O barulho constante de centenas de pessoas, o choro ocasional de crianças, os roncos, os sussurros de conversas noturnas, e principalmente a ansiedade sobre o que estaria acontecendo com nossos lares – tudo isso fazia com que eu raramente conseguisse mais de três horas de sono contínuo.
Na quarta noite, após rolar no colchão improvisado por horas, decidi experimentar o H2Bet que Eduardo havia mencionado. Usando meu precioso power bank – que eu racionava como se fosse água no deserto – abri a loja de aplicativos e baixei o app.
O processo de registro foi surpreendentemente simples, mesmo com a conexão instável que captávamos do roteador de emergência instalado pela Defesa Civil. Em menos de cinco minutos eu tinha uma conta criada e estava explorando a plataforma.
Transferi R$50 via PIX – valor modesto, mas era o que poderia gastar naquele momento de incerteza – e comecei a explorar os jogos disponíveis. A interface era realmente intuitiva como Eduardo havia mencionado, e o app parecia otimizado para funcionar mesmo em condições adversas de conexão.
Eduardo havia me recomendado começar com um jogo chamado Fortune Mouse, explicando que era relativamente simples e tinha ciclos de pagamento frequentes mesmo com apostas baixas. Comecei com R$1 por rodada, observando os pequenos roedores animados correndo pela tela enquanto tentava ignorar o som da chuva que continuava caindo impiedosamente lá fora.
Depois de aproximadamente 20 rodadas, três símbolos especiais se alinharam, ativando uma rodada de bônus que resultou em um ganho inesperado de R$78. Minha exclamação de surpresa foi alta o suficiente para acordar Patrícia, que dormia em um colchão próximo.
“Desculpe”, sussurrei, quando ela se virou com uma expressão irritada.
Para minha surpresa, em vez de reclamar, ela se aproximou curiosa. “O que você está fazendo que te deixou tão animado às 3h42 da manhã?”
Mostrei a ela o aplicativo e meu pequeno, mas significativo ganho. “Eduardo me recomendou. Estou tentando me distrair um pouco.”
Patrícia se acomodou ao meu lado, e acabamos passando as próximas duas horas explorando diferentes jogos do H2Bet juntos, alternando entre minha conta e uma nova que ela criou. Foi a primeira vez desde o início da enchente que consegui genuinamente esquecer, mesmo que por algumas horas, a situação devastadora em que nos encontrávamos.
Nos dias seguintes, nossa pequena atividade noturna cresceu. Eduardo se juntou a nós, obviamente, trazendo sua expertise. Rodrigo e Débora, o casal da loja de produtos naturais, aderiram depois de uma noite particularmente difícil em que receberam a notícia de que sua loja estava completamente submersa. Até mesmo Seu Adão, inicialmente cético sobre “joguinhos de celular”, acabou se interessando, especialmente pela roleta que lembrava os jogos de azar que ele frequentava na juventude.
Formamos uma espécie de clube improvisado que batizamos jocosamente de “Central de Apostas do Julinho”. Cada um tinha sua conta no H2Bet, e estabelecemos um ritual: nos reuníamos todas as noites após o jantar (que consistia geralmente em marmitas doadas por restaurantes locais) em nosso canto do ginásio, e passávamos algumas horas apostando pequenas quantias, compartilhando estratégias e comemorando silenciosamente as vitórias uns dos outros.
As apostas eram sempre modestas – ninguém estava em condição financeira de arriscar muito – mas a atividade nos proporcionava não apenas uma distração bem-vinda, mas também um senso de normalidade e controle em meio ao caos absoluto que havia se tornado nossas vidas.
No décimo dia de abrigo, a chuva finalmente cessou, embora o nível das águas continuasse alto demais para qualquer tentativa de retorno. A energia havia se estabilizado, e conseguimos uma conexão de internet melhor quando a operadora local instalou uma antena temporária próxima ao abrigo.
Foi então que tive uma ideia: organizar um “bingo virtual” para todo o abrigo usando o H2Bet. Conversei com Eduardo, que achou a ideia brilhante, e com um dos coordenadores do abrigo, Marcelo, que após alguma hesitação, concordou, desde que mantivéssemos os valores simbólicos e destinássemos qualquer ganho maior para um fundo comum de reconstrução.
Imprimimos 50 “cartelas” improvisadas em folhas de caderno – o material escolar doado era um dos poucos recursos abundantes que tínhamos – e organizamos o salão. Eduardo, com sua experiência em jogos, seria o “bingo master”, usando sua conta no H2Bet para jogar o Lucky Bingo, um dos jogos da plataforma, e anunciando os números sorteados para todos.
A atividade foi um sucesso absoluto. Pela primeira vez desde que chegamos ao abrigo, havia uma atmosfera quase festiva. Pessoas que mal se falavam estavam agora sentadas lado a lado, aguardando ansiosas pelos números. Crianças corriam entre os adultos verificando as cartelas e gritando “BINGO!” quando algum sortudo completava a sequência.
Os prêmios eram simbólicos: pacotes de biscoitos doados, alguns chocolates que Eduardo comprou com seus ganhos no poker, e até mesmo “vales” feitos à mão que davam direito a pular a fila do banho (um luxo valiosíssimo em um abrigo com centenas de pessoas e apenas oito chuveiros funcionando).
O momento mais emocionante da noite foi quando Dona Carmem, uma senhora de 81 anos que havia perdido praticamente tudo na enchente, ganhou o “bingo master” – a cartela completa. Eduardo, num impulso de generosidade, transferiu R$100 da sua conta do H2Bet para ela na hora. O abraço que Dona Carmem deu nele, com lágrimas escorrendo pelo rosto enrugado, foi um daqueles momentos de humanidade pura que, ironicamente, só emergem em meio às maiores tragédias.
Com o sucesso do bingo, nossa “Central de Apostas” ganhou certo status no abrigo. As pessoas passaram a nos procurar não apenas para participar das atividades que organizávamos, mas também para aprender a usar o H2Bet em seus próprios dispositivos.
Eduardo, que se revelou um excelente professor além de jogador habilidoso, começou a dar “aulas” informais sobre jogos específicos. Patrícia se tornou a especialista em Fortune Tiger, um jogo com temática oriental que ela descobriu ter ciclos de pagamento interessantes. Rodrigo se apaixonou pelos jogos de mesa virtuais, especialmente o blackjack, onde aplicava um sistema de contagem de cartas que jurava funcionar (embora os resultados fossem, na melhor das hipóteses, inconsistentes).
Quanto a mim, encontrei meu nicho nos jogos Aviator e Spaceman, que envolvem saber o momento certo de “pular fora” antes que um multiplicador desapareça. Havia algo metaforicamente apropriado nesse mecanismo, considerando nossa situação de evacuação repentina.
Em uma noite particularmente inspirada, após uma sequência impressionante no Spaceman que me rendeu R$230 em uma única rodada (apostando apenas R$5), tive outra ideia: por que não criar um “fundo de reconstrução” usando nossas habilidades recém-descobertas no H2Bet?
A proposta era simples: cada membro da nossa “Central” contribuiria com 30% de seus ganhos para um fundo comum. Quando finalmente pudéssemos retornar às nossas casas, usaríamos o dinheiro acumulado para ajudar aqueles do nosso grupo que estivessem em situação mais crítica.
O plano foi aceito unanimemente, e logo estávamos jogando com um propósito ainda maior. Criamos uma planilha improvisada em um caderno, onde Débora, com sua experiência administrativa da loja, registrava meticulosamente cada contribuição.
No décimo oitavo dia de abrigo, algo extraordinário aconteceu. Era por volta das 22h30, após o jantar, e estávamos em nossa sessão habitual de jogos. Seu Adão, que normalmente preferia observar do que jogar ativamente, pediu para usar meu celular para tentar algumas rodadas no Fortune Tiger, que ele havia observado Patrícia jogar com tanto entusiasmo.
Hesitei por um momento – minha bateria estava em 42% e o power bank em seu último suspiro – mas não consegui negar o pedido àquele senhor que, apesar da situação terrível, sempre tinha um sorriso e uma palavra de incentivo para todos.
Entreguei o celular a ele, expliquei rapidamente como funcionava o jogo, e continuei conversando com os outros. Cerca de dez minutos depois, um grito abafado nos assustou. Seu Adão estava olhando fixamente para a tela, os olhos arregalados e a mão trêmula.
“O que foi, Seu Adão? Está passando mal?”, perguntou Patrícia, já em modo enfermeira, preparando-se para verificar sua pressão.
Ele simplesmente virou o celular em nossa direção. Na tela, em números que pareciam quase surreais, estava o saldo da minha conta: R$4.875,50. Seu Adão havia acertado um jackpot de 100x no Fortune Tiger, transformando uma aposta de R$15 em R$1.500 em um único giro.
Nosso pequeno grupo ficou em silêncio absoluto por alguns segundos, antes de irromper em uma comemoração contida, conscientes de que estávamos em um abrigo onde muitas pessoas tentavam dormir. Seu Adão, com lágrimas nos olhos, insistiu que todo o valor fosse para o fundo comum. “Eu não fiz nada para merecer isso”, dizia ele. “Foi só sorte, e essa sorte tem que ajudar a todos.”
Após algum debate, concordamos que 70% iria para o fundo comum, enquanto 30% ficaria comigo – afinal, era minha conta e meu depósito inicial. Foi a maior contribuição individual para nosso fundo até então.
Coincidentemente, na manhã seguinte recebemos a notícia de que alguns bairros, incluindo partes da Cidade Baixa onde eu morava, começariam a ser liberados para retorno nos próximos dias, à medida que as águas recuassem. Era como se o universo estivesse sincronizando as coisas – o jackpot chegou exatamente quando começaríamos a planejar nossa volta e reconstrução.
Depois de 23 dias, finalmente pude retornar ao meu apartamento. Como esperado, a destruição era devastadora. O primeiro andar estava completamente arruinado, e mesmo no segundo andar, onde eu morava, havia danos significativos devido à umidade e ao tempo que o local ficou fechado.
Nosso fundo comum de reconstrução, que havia crescido para impressionantes R$7.840, foi dividido conforme as necessidades de cada um. Seu Adão, que vivia em um porão que foi completamente destruído, recebeu a maior parte. Rodrigo e Débora usaram sua parcela para começar a recuperar a loja. Eduardo, que tinha o apartamento menos afetado, nobre e generosamente abriu mão de sua parte em favor dos outros.
Nos meses que se seguiram, cada um de nós mergulhou no processo exaustivo de reconstruir nossas vidas. As reuniões presenciais da nossa “Central de Apostas” tornaram-se cada vez mais raras, à medida que o retorno à normalidade exigia todo nosso tempo e energia.
Mas algo interessante aconteceu: continuamos nos reunindo virtualmente no H2Bet. Criamos um grupo no WhatsApp chamado “Sobreviventes do Julinho”, onde combinávamos horários para jogar juntos online. A plataforma que nos unira em momentos de desespero agora servia como um ponto de encontro que preservava aquela conexão inesperada que formamos.
Uma vez por mês, geralmente no dia 11 – data em que a enchente começou – nos encontramos pessoalmente na Padaria da Rosa, uma das primeiras a reabrir na Cidade Baixa. Lá, entre pães de queijo e cafés, compartilhamos histórias de reconstrução, mostramos fotos de progressos em nossas casas, e inevitavelmente, em algum momento, alguém puxa o celular e diz “E aí, vamos uma rodadinha rápida no Aviator?”.
Para qualquer observador externo, somos apenas um grupo eclético de pessoas jogando em seus celulares. Eles não saberiam que o H2Bet, para nós, representa muito mais que uma plataforma de apostas – é um símbolo da improvável amizade que floresceu em meio a uma das piores catástrofes que nossa cidade já enfrentou.
E quanto a mim? Continuo jogando moderadamente, estabelecendo limites claros para não afetar meu orçamento de reconstrução. Mas confesso que sempre que o Fortune Tiger aparece na minha tela, não consigo evitar um sorriso ao lembrar do grito abafado de Seu Adão naquela noite no abrigo – um momento de alegria pura que, por alguns instantes, fez as águas da enchente parecerem um pouco menos devastadoras.
O H2Bet entrou na minha vida por acaso, em circunstâncias que eu jamais teria escolhido ou desejado. Mas como dizem os gaúchos resilientes que somos: “Não escolhemos a enchente, mas escolhemos como navegar por ela.” E, ironicamente, foi uma plataforma virtual de apostas que se tornou um dos botes salva-vidas mais inesperados dessa jornada.